Cuidando

Ando quietinha por aqui, mas sigo cuidando do que o Magro nos deixou.

Organizar a bagunça dos mil pendrives e backups, digitalizar o material de áudio e vídeo, organizar o que ficou de jornais, fotos, partituras… muita coisa, mesmo que boa parte tenha se perdido nos 50 e tantos anos de carreira do MPB4. Trabalho de formiguinha feito quando uma brechinha de tempo se abre nos tantos afazeres da vida. Agora começo a vislumbrar a possibilidade tão acalentada de ter um acervo bem cuidado e que possa ficar disponível à consulta pública. Injeção de ânimo pra seguir com essa tarefa.

Daí que, quase 5 anos depois da partida do Magro, me sinto entrar em mais uma fase disso que chamamos de luto aqui nesse planeta. Escrevo pra digerir.

O luto

Quantas fases… quantas faces

Se multiplica, se divide

Se aquieta, se agita

Des-apego

Des-hábito

Resiliência

O luto que se inicia com o silêncio das palavras, com a quietude da voz

“Quero beijar todo mundo”

O olhar, a intensidade, o amor no som das últimas palavras pra sempre impresso na memória da alma

Depois disso, o silêncio

Dias de minhas mãos sozinhas o tocarem sem resposta

Tempo de espera, fim da despedida de um corpo

Tempo de andar pelas ruas quase sem corpo, tamanha a intensidade do que ia na alma

Uma leveza densa como névoa no pântano

E aí a saudade

Lago tranquilo ou corredeira louca

Passa a ser par constante no pé ante pé da vida

Resiliência

Des-hábito

Des-apego

Quantas faces… quantas fases

 

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Re-cordis

VOZES DO MAGRO

Nós, seres humanos, vivemos em ciclos. Dias, horas, meses, anos… Encerramentos e recomeços. Os ciclos nos dão uma certa segurança. A falsa certeza do amanhã que vai chegar quando fechamos os olhos na noite, a ilusão de que um ano novo vai ser diferente só porque o relógio assinalou que a meia-noite do dia 31 de dezembro passou e já é outro ciclo que se inicia.

Mas, de fato, os ciclos nos impulsionam a romper com antigos hábitos que já não cabem, a vibrar para que coisas melhores façam parte do nosso dia a dia, a ansiar a luminosidade e a plenitude possíveis. Ser ou não ser… aí é outra história. E são muitas.

Fato é que os ciclos são fortes e tornam as vivências mais profundas na proximidade de seus términos e reinícios (todos sabem do tal “inferno astral”, que antecede o fechamento do ciclo anual de vida –…

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Vozes do Magro – segunda edição?

Hoje, por conta da vontade de concretizar uma segunda edição do “Vozes do Magro”, reli a apresentação e os prefácios. Incrível como o frescor dele ainda está todo ali!

Constatei, mais um vez,  a beleza que é esse livro com a história de sua concretização e a importância que tem para músicos e não músicos, amantes da música e de histórias. Tomara que essa segunda edição se concretize!

Deu vontade de colocar aqui o prefácio do Paulo César Pinheiro. Aí vai.

Este livro, de autoria de meu velho amigo Magro, é um importante e precioso legado que ele nos deixa nos seus últimos tempos de uma existência sublime. Ele conta a história da formação de um dos maiores grupos vocais de todos os tempos, o MPB4, suas alegrias e vicissitudes, seu talento e amadurecimento artístico, seu engajamento político, sua luta e seriedade, e, sobretudo, o recorde de sua longevidade.

O Antônio José nos deu uma aula de vida com seu comportamento ético, seu pensamento coletivo (em um mundo extremamente egoísta), seu bom gosto musical e sua alma fraterna. Era, portanto, esse espírito que passava ao conjunto do qual fazia parte.

Magro foi um dos maiores arranjadores que conheci. Sua armação vocal era uma teia de seda, sempre surpreendente e bela. Sabia, como ninguém, tecer arabescos artesanais, com filigranas de ouro e prata em delicados sons para sua voz e a de seus companheiros, tanto para ouvidos sensibilíssimos de músicos exigentes, quanto para o povo leigo, que se comovia com a mesma intensidade. Ele conhecia, da mesma forma, o mistério da harmonia e o segredo da emoção quando mexia com os instrumentos. E nunca era apenas um arranjo a mais. Havia sempre um truque, um espanto no meio do caminho, um encantamento de bruxo.

E o fundamental, neste valioso trabalho que ele deixa escrito, são seus ricos comentá- rios, disco a disco, faixa a faixa, de uma longa e vitoriosa carreira como um dos grandes artistas sérios da música do Brasil.

Arremato este breve prefácio falando sobre o exemplo de pessoa e caráter que foi meu amado camarada por meio de um poema que fiz no dia seguinte à sua despedida, ainda com um marejo nos olhos e um arrepio na espinha, e que meu parceiro Miltinho tão enternecidamente musicou:

Amigo do Peito (Miltinho/Paulo César Pinheiro)

Eu tinha um amigo dileto
De um tempo qualquer bem antigo.
Ele era um sujeito correto
Consigo, com o mundo e comigo.

Cresci com esse amigo do peito
Do lado de mim no perigo.
Lutávamos do mesmo jeito,
Os dois, contra o mesmo inimigo.

Um dia, esse amigo foi embora.
É triste, mas é como eu digo.
Por ele todo mundo chora.
E a sua saudade é um castigo.

A dor de uma perda é uma dor
Que eu quero entender, não consigo.
Por que se perder um amor?
Por que ver morrer um amigo?

Um grande abraço
Paulo César Pinheiro

E aqui uma música pouco conhecida do Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro gravada pelo MPB4, se não me engano, em 2006. Ouçam e vejam “Calça de veludo” (Acabei de ver que Magro está usando uma camiseta do Chez Maricotinha, nosso café em Conservatória-RJ)

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08 de agosto de 2016

Feliz que nossa página no facebook passou das 3 mil curtidas. Pra mim, um belo número!

Aí resolvi colocar aqui no blog o post e fotos que publiquei lá na página no dia em que a saudade fez 4 anos.

4 anos sem o Magro
A vida segue, sempre segue, mas com um gosto de ausência constante
Magro faz falta pra quem o tinha por perto, pra quem convivia diariamente, pra quem o via de vez em quando, pra quem o ouvia e sentia que a vida ficava melhor só porque ele fez o que fez com seus arranjos e sua voz, só porque ele era o homem maravilhoso que era.
Viva o Magro, esteja onde estiver! Ele merece ser sempre lembrado.
Agradeço por ter tido a oportunidade de trilhar parte do meu caminho com ele

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Palhacinha

Hoje o sábado não está tão cinzento quanto o de 3 anos atrás, quando escrevi esse post, mas aproveito o carnaval para republicá-lo

Bom carnaval para todos!

 

Sábado cinzento e meio chuvoso. Dizem que lá fora é carnaval.

Eu e Magro costumávamos, como dizíamos, pular O carnaval. Aproveitávamos para ficar em casa, usufruir da tranquilidade da cidade, ver um filme, escutar uma música, o que desse vontade. Certo, certo, isso sem contar os tempos de Conservatória, quando trabalhávamos feito loucos no Chez Maricotinha, atendendo aos amigos e turistas e oferecendo uma opção musical diferenciada pra todos. Inclusive para nós! Rolava de tudo, inclusive marchinhas, aquelas dos idos tempos. Afinal, era carnaval!

E sendo hoje carnaval, lembrei de uma música e resolvi postar aqui pra vocês. É Palhacinha. Ela nos leva a uma faceta pouco conhecida do Magro, a de compositor. Palhacinha, parceria com Miltinho, faz parte do LP Caminhos Livre, de 1983.

MTW

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Almanaque

Recebi hoje uma mensagem da Olívia Byington e resolvi reblogar esse post para corrigir um lapso de memória do Magro. Ela conta que quem esteve em Varadero foi ela e não a Olívia Hime, como consta na matéria. Bom que ficamos com mais um pedacinho dessa história, como vocês podem ler no texto da mensagem que reproduzo aqui.

“Olivia Hime não foi a Varadero. Nem Francis. Quem cantou em Varadero nessa viagem fui eu. Cantei a Bachiana 5 de Vila Lobos acompanhada do violão de Ricardo Simões. Nos bastidores naquela noite fui convidada por Silvio Rodriguez para gravar um disco pela EGREM gravadora cubana.Voltei lá e passei dois meses gravando Identidad em Havana. O disco saiu no Brasil pela Som LIvre. Pena que o Magro teve esse lapso de memória.”

Fica aqui o agradecimento por esse esclarecimento o meu pedido de desculpas em nome do Magro. São tantas histórias que, vez ou outra, a memória falha mesmo…

VOZES DO MAGRO

Magro me disse, certo dia, que gostava do arranjo dessa música, que ele tinha escrito quando da volta de uma viagem a Cuba. Falou que ele tinha o ‘balanço’ da música cubana. Ouçam:

E agora leiam um artigo do Magro  publicado no Caderno Viagem do Jornal do Brasil, na coluna “Eu conheço um lugar”, numa quarta-feira, 26 de julho de 1995.

A MUSICALIDADE E AS BELEZAS ÚNICAS DA PRAIA DE VARADERO

Abri os olhos sem saber onde estava. Sabia que já era dia pela insistência da luz em rasgar as pesadas cortinas, pelo canto de um passarinho numa árvore imaginada e pelo rumor do mar. Aí acordei. Abri as cortinas. Fechei os olhos. Era muita luz, era muito branco, era um azul indescritível!

Era Cuba! Era Varadero. Bendisse a hora em que o MPB-4 foi convidado para participar de um festival de música em Varadero, no final…

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Atendendo a pedidos: A volta do malandro

Há coisa de uns 10 dias, o Leonardo Fernandes de Miranda enviou uma mensagem para o MPB4 perguntando sobre a gravação de “A volta do malandro”, de Chico Buarque.

Essa música foi gravada no “Songbook Chico Buarque vol.4”. Faz parte do grupo de CDs lançados juntamente com os Songbooks (livros de partituras) com a obra de Chico Buarque.

Belo arranjo, bela gravação. Vale a escuta!

Fica aqui pra você, Leonardo!

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Agiborê

Hoje vi lá na página do MPB4 no face que a Rosangela Belato e a Lulu Lacerda estão curiosas a respeito da letra da música Agiborê, música foi gravada no LP Cicatrizes, de 1972.

Lá no “Vozes do Magro”, na página 142, Magro fala sobre essa música e sobre o susto que levou durante um concerto do Coral da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de SP) no ano de 2009. Acho que dá bem pra ler essa história aqui na imagem mesmo e aproveitar pra ouvir a música que está logo abaixo.

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Causos no Vozes Brasileiras

Aqui no menu do blog, tem uma aba chamada Vozes Brasileiras. Ali estão os programas de rádio que o Magro produziu para a rádio MEC AM do Rio de Janeiro de setembro de 2010 a junho de 2012.

Clicando na aba, você pode ler a história desse programa, dedicado exclusivamente à música vocal brasileira. Uma verdadeira aula de vocal!

Hoje disponibilizei o de número 63 e quis falar dele por aqui. Qual a razão?  Sua ligação com o livro Vozes do Magro, motivo desse blog.

Na segunda parte do programa, Magro lê 3 causos sobre o MPB4 que escreveu para serem publicados no site do grupo (www.mpb4.com.br) e, em seguida, toca a música correspondente. Histórias gostosas de ouvir, lembrando com saudades o bom conversador que ele era.

No processo de trazer à vida o Vozes do Magro, uma das tarefas foi selecionar, dentre os tantos causos que o Magro havia escrito, os que fariam parte do livro. Coincidentemente, os três que ele leu nesse Vozes Brasileiras estão lá!

Vale a pena ler, ouvir e saborear.

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MTW

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14.11.14

Hoje, 14.11.14, seria o aniversário de 71 anos do Magro. Dia bom pra festejar a alegria de ter compartilhado passos da vida com ele e de poder continuar usufruindo das tantas coisas lindas que ele deixou na sua passagem por esse mundo. Presente pra todos nós!

E um grande presente foi o que ele deixou já nos 45 minutos do segundo tempo: as gravações que possibilitaram a feitura desse lindo livro, o Vozes do Magro. Já comemoramos com os amigos do Rio de Janeiro, na noite de autógrafos do último dia 4 de novembro. Agora vamos comemorar com os de São Paulo, no próximo dia 19. Vejam aqui o convite e apareçam!

convite cultura

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